sexta-feira, março 16, 2007

Magnatas da cana de açúcar


(ilustração: Ingrid Hanusová /revista carbusters)

"Eu posso ver uma espécie de Guarda Pretoriana sendo formada por gente com dinheiro, imperadores magnatas do petróleo - ou da cana de açúcar?", Gore Vidal, um estadunidense lúcido em entrevista à Folha de São Paulo.

"O desperdício não faz grandes nações e, nas que já foram ou são grandes, como a Roma Imperial ou os EUA de hoje, ele é um indicador do começo do fim.", Marc Dourojeanni, em O Eco, sobre o desperdício de comida, raciocínio que pode ser transposto para outros recursos naturais.

"(...) embora políticos incentivem agressivamente o uso do etanol de milho produzido localmente como substituto do petróleo estrangeiro, a conversão faz pouco sentido do ponto de vista energético. Estudos mostram que a produção do etanol de milho cria quase a mesma quantidade de CO2 que a produção da gasolina. A queima do etanol em veículos oferece pouca, se algum, redução da poluição.", Scientific American, em trecho reproduzido na Carta Capital.


Amazônia em 2020? / foto: Alexandre Severo

A questão em pauta nos próximos anos não deveria ser como arrumar mais energia para manter os atuais padrões de consumo dos países ricos, mas sim como redistribuir a energia existente e buscar fontes limpas para que todos tenham acesso à padrões sustentáveis de vida.

Segundo o Banco Mundial, 15% da população mundial devora metade da energia disponível no planeta. Os EUA, que possuem 4% da população mundial, produzem sozinhos 25% dos gases de efeito estufa no planeta.

Além disso, entre os danos causados pelo automóvel, o aquecimento global é apenas uma pequena parte. O carro cria entraves urbanos de difícil solução, é responsável por uma epidemia de mortes em "acidentes" de trânsito, segrega as pessoas, transforma a cidade em um ambiente hostil, consome recursos (inclusive naturais) para construção de infra-estrutura, estimula a agressividade, promove o sedentarismo...

Substituir a frota estadunidense (ou paulistana) por veículos a álcool não tem nada a ver com preservação ambiental, mas sim com a preservação dos interesses econômicos da indústria automobilística.

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Comments:
Passou da hora de criarmos um grupo de justiceiros do planeta...pessoas que se preocupam com a real situação...se ficarmos parados os grandes nunca terão consciencia...a não ser a consciencia do agora do ganhar dinheiro do consumismo...do carro....precisamos agir agora...precisamos tomar o poder para que um dia este planeta sobreviva!!!
 
Além das queimadas, que provocam uma emissão de poluentes ainda pior que a dos carros (que irão poluir depois), temos um sério problema decorrente da industrialização da lavoura da cana: As grandes usinas arrendam os pequenos sítios e chácaras por cerca de 10 anos e pagam um valor a vista para os agricultores. As famílias de agricultores que viviam nestas terras acabam migrando para as cidades e aumentando a população de miseráveis, já que a produção das grandes usinas é toda mecanizada e não vai, é claro, haver emprego para esse povo.
 
É isso aí, precisamos denunciar os "eco-hipócritas" que se utilizam da crise causada pelo aquecimento global para promover falsas soluções que só beneficiam a indústria automobilística, o agro-negócio anti-social e anti-ecológico e o comodismo da sociedade de consumo. Na entrevista do Prof. Goldenberg ao Roda Viva só se falou em etanol, como se fosse a única forma de nos salvar da catástrofe. Transporte público, bicicleta, nada disso existe para o s eco-hipócritas (eu só lamento porque o prof. Goldenberg é respeitável, mas embarcou nessa canoa furada).

O mais insuportável é ver as propagandas de automóveis "ecológicos", do tipo "compre um carro e nós plantaremos tantas árvores para você rodar um ano com o seu carrinho sem problemas de consciência". Dá vontade de vomitar. Quer dizer que eu, que há mais de 10 anos só ando de transporte público e bicicleta, posso derrubar quantas árvores para ficar quites com as minhas emissões de carbono?
Só pra encerrar: o Globo de hoje (18/3)traz uma interessante reportagem sobre os custos sociais e ambientais do etanol.
 
Eco-hipócritas, baita termo, definiu tudo!
 
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